Cárcere

Milhares de estacas pontiagudas e de formas variadas lancavam-se contra a parede rochosa enegrecida e desgastada pelo tempo. Todas aquelas trincas e fendas e buracos, alguns já ali desde o comeco de tudo, as outras que foram surgindo aos poucos sentiam-se atingidas por cada ponta de prego úmido que se chocava e ricocheteava deixando uma sensacao de lembranca doce por entre aquelas toras negras e brancas queimadas de tanto prazer ao longo da existência.
A escuridao nao permitia distinguir cada ponto atingido; pareciam formigas que se emaranhavam em volta de um corpo doce para carregá-lo para longe e dissolvê-lo por entre outros tantos e tantos insetos. O formigamento continuava e aquela pedra já nao estava mais tao seca e rígida como antigamente e comecava a se misturar demais com os resquícios de pano e restos de poeira que aos poucos iam se afastando e sendo levados para longe. Dissolvia-se.
Revolveu entao abrir os olhos por um breve momento e deixar as gotas de chuva daquela noite escura de inverno misturarem-se àquelas que em si mesmo já nao via.

Comentários

  1. ...não sei por que, mas acho que sei exatamente do que você está falando...!

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